Aster - A Ilha das Cidades a Vapor

Um Pequeno Trecho...
Segue a baixo o prologo que abre o livro e a primeira página do primeiro capítulo. para que você possa degustar a escrita do autor.

PROLOGO - RISCOS DE VIAGEM
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Era uma noite tempestuosa no Atlântico Norte e um Capitão guiava seu cargueiro a vapor através das ondas, com semblante sério e calmo, enquanto ao seu lado um senhor bem-vestido olhava para o horizonte com um semblante nervoso.
— Viajar para a Avalon nessa época do ano nunca é fácil, ao menos não teremos que temer piratas numa noite como essa, não é, Capitão? Ainda mais dentro do cinturão de ilhas de Hy-Drasil.
— Nem tanto, sr. Drayton — respondeu calmamente o Capitão. — Embora seja verdade que a maioria não teria coragem de tentar sair em uma tempestade como esta, os piores dentre eles adoram. As patrulhas de dirigíveis a vapor não saem das docas de Avalon. Além disso é mais fácil evitar as patrulhas da guarda marítima e, se um navio sumir... “foi a tempestade”.
— Definitivamente ficarei feliz quando avistar as luzes da ilha — comentou Drayton, enquanto olhava com mais afinco ainda para o horizonte.
Após um tempo, demasiado longo para o gosto de Drayton, em meio a enormes raios que rasgavam os céus, as luzes e a silhueta da ilha de Avalon se revelaram. Como um colossal pilar de rocha negra isolado, erguendo-se a mais de dois quilômetros acima do nível do mar. Conforme o cargueiro se aproximava, os detalhes tornavam-se mais visíveis em meio à grossa chuva.
— Impressionante como sempre, ainda bem que não preciso subir escadas da Cidade de Madeira para a Cidade Superior — comentou Drayton para o Capitão.
Então um enorme raio pareceu acertar o canto superior leste da ilha, com um grande clarão e forte estrondo.
“Espero que a tempestade não tenha afetado o metrô vertical”, pensou imediatamente Drayton, imaginando se teria de usar uma das hospedarias na cidade portuária.
— Apenas uma hora de atraso em relação ao previsto! — disse o capitão, enquanto olhava o relógio de bolso, o qual marcava 10 horas da noite. — A tempestade não nos atrasou tanto quanto eu imaginei que iria.
— O importante é que chegamos inteiros — respondeu Drayton, demonstrando-se aliviado ao ver o porto.
— E por sorte parece que a tempestade está diminuindo para uma chuva forte, será mais fácil e rápido descarregar sua carga, sr. Drayton.
— Isso também é bom. Quanto antes terminarmos e eu puder dormir, melhor, mas lembre-se de tomar cuidado com a carga. Você sabe que seria um desastre se o seu cargueiro ou o porto fossem... danificados — disse Drayton, hesitante em escolher a última palavra.
— Sim, foi por isso que você procurou o melhor contrabandista e também foi por isso que cobrei o dobro e adiantado — respondeu o Capitão, com um sorriso arrogante nos lábios.
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Capítulo 1
O Despertar
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Avalon, uma ilha de mistérios antigos, cuja forma incomum de um largo e alto pilar de rocha negra no meio do oceano suscitava mitos e lendas, estava sendo fustigada naquela noite com raios e ventos fortes de uma tempestade tão comum para sua população que, em sua maioria, dormia despreocupada, sem imaginar que naquela noite a tempestade despertaria algo que afetaria a todos.
Um raio, entre tantos outros, acabou acertando uma casa em ruínas, em uma parte abandonada da Cidade Superior, algo a princípio sem importância, porém este raio fez seu caminho por um velho e esquecido conduto elétrico, até uma câmara fechada e escura, parcialmente alagada no subsolo e em um flash estrondoso ativou máquinas há muito esquecidas, que diante da imensa energia se sobrecarregaram, mas, ainda assim, com tenacidade tentaram cumprir sua programação.
Instantes depois uma cápsula cilíndrica se abriu, revelando em seu interior uma figura humanoide, presa por cabos. A figura caiu para frente, desconectando-se dos cabos e indo direto para o chão, com seu impacto contra ele sendo amortecido pela água, afundando totalmente.
O silêncio e a escuridão retornaram ao pequeno cômodo por alguns instantes e então luzes vindas do ser começaram a iluminar o ambiente. Lentamente a figura humanoide se ergueu das águas, ficando de joelhos, com a água um pouco acima da cintura. Olhava com curiosidade para as próprias mãos ao erguê-las, como que para compreender que lhe pertenciam e descobrir como funcionavam.